Sunday, January 07, 2007

"O FOGO NO PANTANAL"

Estes são trechos em ordem de um texto de José Lutzemberger- Material do PANGEA- Texto antigo e sem data- deduz-se, logicamente que tudo esteja pior a menos que eu muito me engane.

"Nossa recente viagem ao pantanal constitui-se para mim em oportunidade para complementar informação. Aceito o desafio de contribuir com o pouco de força que tenho para desencadear um processo de inversão nas tendências que ora alimentam as chamas do do holocausto biológico que envolve o Brasil e, em especial a Amazônia e o Pantanal.

Em ambos os vôos, especialmente no vôo de volta, entre a Fazenda Caiam e Campo Grande, dei-me conta da indescritível extensão e absurdo das queimadas na região. Elas são sistemáticas e atingem o todo. Onde sobram manchas livres, é por desleixo e ineficiência, não por falta de vontade. No chão, durante as voltas que demos na Fazenda, pude avaliar a dinâmica da depredação. ela é muito mais grave do podia imaginar e já apresenta muitos estragos irreversíveis. Encontramo-nos diante de uma paisagem em plena demolição. O ponto de não retorna está muito próximo. É um espetáculo deveras triste e desesperador. Tanto mais desesperador, quanto parece grande a dificuldade em se conseguir uma mudança de mentalidade naqueles que são os responsáveis por aquela devastação.

O fogo, especialmente repetido todos os anos, como ora acontece nas fazendas do Pantanal, funciona como um potente herbicida e faunicida seletivo. Algumas espécies, como as gramíneas, são favorecidas, outras sobrevivem com mais ou menos dificuldade, mas muitas espécies desaparecem de todo.

Entre as plantas, aquelas que são rasteiras e de crescimento lento, com pouca capacidade de regeneração, desaparecem de todo após poucas passagens do fogo. Por exemplo, cactáceas, tanto globosas como columnares, que constituem algumas das espécies mais interessantes e valiosas, e que já estão quase todas na lista das espécies em extinção, estão entre as primeiras espécies que desaparecem. Mais grave é o fato de serem quase todas as espécies desta família espécies endêmicas, com ocorrência em áreas extremamente limitadas. O mesmo se aplica a algumas das orquídeas, especialmente aquelas que crescem no chão ou em pouca altura. Quando o fogo devasta complexos arbustivos densos, o calor que antinge as copas é muitas vezes suficiente para torrar mesmo epífitas que se encontram em dez metros do solo. Semelhante é o destino das Famílias das bromeliáceias, tão preciosas quanto as orquídeas.

Se observarmos como atenção as espécies arbustivas e arbóreas, que aparentemente sobrevivem ao fogo, notaremos que a longo prazo, se a prática do foto continuar sistemática, também estarão destinadas a desaparecer ( E este texto é antigo, então já podem ter desaparecido mesmo). A carbonização e calcinação do tronco, progridem até que o tronco seja destruído pelo fogo e a árvore caia, sendo então consumida pelo fogo seguinte. Muistos exemplos disso já se podem ver nesta fazenda. Nota-se que o fogo tem sido incrementado em anos recentes e mais em alguns lugares que em outros. Se continuar o ritmo atual de queimadas, o ecossistema ficará tremendamente empobrecido, chegando rapidamente a uma situação irreversível. As manchas hoje ainda mais ou menos intactas e que serverem de banco genético para o repovoamenteo do que foi dizemado também desaparecerão progressivamente.

Quanto à fauna, a situação é igualmente grave, especialmente no que se refere a especies menos visíveis, que o leigo não vê, por não serem espetaculares em seu aspecto ou por vivemrem escondidas ou terem hábitos noturnos. Entre estas temos os répteis. O caso mais trágico é o do jabuti, nossa tartaruga terrestre. Ela não tem como escapar do fogo. Se está desperta, caminhando, pastando, comendo frutas, carcáças, excrementos, não consegue caminhar com velocidade suficiente para escapar. Se está debaixo de folhas secas, será torrada viva igual. Outros répteis, como iguans e, sobretudo lagartixas de pequeno porte, também não conseguem escapar do fogo. O mesmo acontece com muitas cobras e serpentes. Os anfíbios, especialmente pererecas e sapos são igualmente vulneráveis.

Todos aqueles pássaros que fazem seu ninho a pouca altura em arbustos ou em capim denso, como por exemplo o Tico-Tico e muitos Beija-Flores, que fazem seus ninhos em alturas de um a três metros, estarão completamente perdidos se pegados na época da nidificação.

Os maiores estragos, entretanto, são causados entre os insetos. Também entre estes, alguns são propiciados. É o caso dos gafanhotos, que encontram melhores condições de desova em solo calcinado e ais pasto fresco logo após, enquanto que outros são totalmente destruídos onde passa o fogo. Também as formigas cortadeiras são propiciadas. Os mais vitimados são os insetos noturnos. Passam o dia escondidos em folhagem desnsa ou nas folhas secas sobre o solo, outros, sobre troncos, mimetizando as superfícies destes. A noite, se o fogo continuar, insetos de áreas não queimadas são atraídos pelo fogo em vôo suicida.

Entre os insetos está o maior número de espécies ainda nem conhecidas pela Ciência e entre eles temos também grande número de endemismos. O leigo não imagina a extensão dos estragos diretos e indiretos do fogo num ecossistema.

Numa paisagem tão extensamente devastada pelo fogo, como as que agora se vêem no Pantanal, mesmo aqueles animais que sobrevivem quando conseguem escapar às chamas, terão que concorrer com seus semelhates nas pequenas manchas de vegetação não queimada, sobrecarregando estas. No caso de pássaros insectívoros, sua base de alimentação fica enormemente reduzida. Insetos polinizadores, abelhas, arapuãs, mamangavas, borboletas, quando sobrevivem diretamenteo ao fogo, podem vir a perecer pouco após por falta de recursos de néctar e pólem. O verde exuberante, que pode aparecer após as primeiras chuvas depois do fogo, engana as pessoas qeu conseguem perceber o incrível empobrecimento do ecossistema, o irresistível de grande parte dos estragos.

Por isso, se quizermos chegar a uma fazenda pantaneira realmente 'ecológica', não poderemos esperar muito para mudar de sistema. Se o fogo continuar por mais alguns anos, os estragos não serão mais reparáveis. Para chgarmos rapidamente a um novo caminho teremos que, inicialmente, procurar entender as verdadeiras causas do atual desastre. (...o texto prossegue com maiores explicações aqui)"

E te digo uma coisa: a maior parte das queimadas nas fazendas se dão para CRIAR GADO-

Quanto aquelas pessoas que chamam as plantas de mato, quando não são plantas domesticadas por seres humanos, elas muito se enganam e o problema dos incêndios urbanos nas cidades ocorrem por causa de pessoas que não gostam de "mato" e a culpa fica sendo só dos fumantes que são menos culpados por isso. Assim, as doenças não se deve ao "mato", aquilo que deveria ser chamado de bosque, mas se deve justamente a um desequilíbrio, a uma desarmonia e a um enfraquecimento dos sistemas. Estas são conclusões que cheguei e que foram melhor alicerçadas por diversos materiais e pelas aulas do Seu Carneiro, vive com muita saúde, com a graça de Deus e foi amigo do autor deste trecho acima que me fez chorar, por me dar mais uma vez conta de que este planeta está literalmente morrendo e não é de hoje.

Se uma planta qualquer chegar a querer morar com você saiba que é dessa planta que você precisa por perto. Exatamente dessa...